
Taxação de 50% sobre exportações brasileiras e sanções contra Alexandre de Moraes elevam tensão entre os dois países; governo brasileiro articula resposta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou, nesta quinta-feira (31), uma nova rodada de reuniões no Palácio do Planalto para discutir os impactos da taxação imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros e as sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A medida americana, assinada por Donald Trump, impõe tarifa de 50% sobre parte das exportações do Brasil e invoca a Lei Magnitsky para sancionar Moraes. O tema dominou a agenda política em Brasília e levou Lula a ampliar o grupo de ministros convocados para discutir a crise.
Quem participou da reunião
Entre os presentes estavam:
- Jorge Messias, Advogado-Geral da União
- Rui Costa, ministro da Casa Civil
- Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda (número dois de Fernando Haddad)
A reunião foi tratada com caráter emergencial e não constava integralmente na agenda oficial do presidente. A convocação ampliou o encontro previsto com Rui Costa, às 10h30.
Reação imediata de Lula
Na noite de quarta-feira (30), Lula já havia se reunido com ministros para discutir as medidas tomadas por Trump. Após o encontro, o presidente divulgou nota oficial:
“É inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira. O governo brasileiro se solidariza com o ministro Alexandre de Moraes”, afirmou Lula.
Ele também disse que a medida americana representa uma ameaça à democracia, por tentar enfraquecer a independência do Judiciário.
“Justiça não se negocia. A soberania do povo brasileiro será defendida”, declarou o presidente.
O que diz o governo dos EUA
A Casa Branca justificou o aumento das tarifas com base na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (1977), que permite medidas extremas em situações de emergência nacional. O documento assinado por Trump afirma que as medidas têm como objetivo:
- Proteger empresas americanas contra “censura coercitiva ilegal”
- Reagir à “perseguição política” contra Jair Bolsonaro
- Responsabilizar Moraes por “violações de direitos humanos”
Apesar do impacto da medida, a ordem executiva assinada por Trump incluiu exceções para mais de 700 itens, que sofrerão uma tarifa menor, de 10%, como:
- Aviões da Embraer
- Suco de laranja
- Petróleo e derivados
- Celulose
- Aço
No entanto, produtos estratégicos como carne e café — principais exportações brasileiras — serão atingidos pela alíquota máxima de 50%.
O que vem por aí
O tarifaço entra em vigor no próximo 6 de agosto. Até lá, o governo brasileiro tenta articular respostas diplomáticas e econômicas, com foco em preservar setores-chave da exportação e conter os impactos políticos da sanção contra Moraes.