
PIB supera projeções, mas resultado é impulsionado por fatores pontuais como importações e estoques
A economia dos Estados Unidos teve um desempenho acima do esperado no segundo trimestre de 2025, com o Produto Interno Bruto (PIB) registrando uma alta anualizada de 3%, segundo dados divulgados pelo Departamento de Comércionesta quarta-feira (30).
Apesar do avanço robusto, especialistas alertam que o crescimento foi inflado por componentes voláteis, como o comércio exterior e os estoques, e não necessariamente reflete uma recuperação sustentada da economia americana.
Crescimento técnico, mas com base instável
No trimestre anterior, entre janeiro e março, o PIB havia recuado 0,5%, marcando a primeira retração econômica do país em três anos. A recuperação registrada agora é atribuída, em grande parte, à queda nas importações, o que influencia positivamente o cálculo do PIB.
Os gastos dos consumidores, motor tradicional da economia americana, cresceram de forma modesta, indicando que o consumo interno segue em ritmo cauteloso.
Impacto das tarifas e incertezas comerciais
Economistas apontam que as políticas protecionistas do presidente Donald Trump, especialmente o recente aumento nas tarifas de importação, estão distorcendo os indicadores econômicos e dificultando a análise precisa da real situação econômica dos EUA.
Mesmo com novos acordos comerciais sendo firmados, cerca de 60% das importações seguem fora de qualquer tratado, mantendo o país com uma das maiores tarifas efetivas desde os anos 1930.
Projeções e desafios futuros
Antes da divulgação oficial, analistas consultados pela Reuters estimavam um crescimento de 2,4% para o trimestre. No entanto, após a queda no déficit comercial de junho e um leve aumento nos estoques, as projeções foram revistas para até 3,3%.
Ainda assim, a expectativa é de crescimento mais fraco na segunda metade do ano, com possíveis impactos negativos das tarifas e incertezas globais.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, deve manter a taxa básica de juros entre 4,25% e 4,5% ao ano, mesmo diante das pressões da Casa Branca por redução nos custos de crédito.