
“El Gringo, o vilão elegante” resgata a trajetória do maior artilheiro brasileiro da história do futebol italiano
Bruno Rodrigues, da CNN – 31/07/2025 às 11h08 | Atualizado às 12h43
Antes de Diego Maradona brilhar no Napoli e se tornar um ícone eterno do futebol italiano, outro sul-americano já havia conquistado o coração dos napolitanos: o brasileiro Sérgio Clérice. Com 187 gols marcados em quase duas décadas na Itália, ele é até hoje o brasileiro com mais gols no futebol italiano — à frente de nomes como Ronaldo, Adriano e Kaká.
Agora, sua trajetória ganha vida no livro “El Gringo, o vilão elegante”, biografia escrita pelo jornalista Rodrigo Viana e lançada neste sábado (2), no Sesc de Araraquara (SP).
Reconhecimento até de Maradona
O impacto de Clérice no Napoli foi tão grande que chegou aos ouvidos do próprio Diego Maradona. Durante um encontro casual em um aeroporto de Milão, na década de 1980, o craque argentino reconheceu o ex-atacante brasileiro em meio à multidão:
“Você é o Gringo”, disse Maradona, antes de cumprimentá-lo com um beijo no rosto.
Essa cena resume a importância que Clérice teve no Napoli pré-Maradona, quando levou o clube ao vice-campeonato italiano de 1974-75 e ao terceiro lugar na temporada anterior — feitos raros à época.
De promessa no Brasil a ídolo na Itália
Nascido em São Paulo, em 1941, Clérice começou nas categorias de base do Nacional e do Palmeiras, mas foi emprestado à Portuguesa Santista, onde chamou atenção de um olheiro italiano em um jogo contra o Santos de Pelé. A partir daí, iniciou uma longa jornada na Itália, defendendo clubes como Lecco, Bologna, Atalanta, Hellas Verona, Fiorentina, Napoli e Lazio.
Seu melhor desempenho veio no Lecco, com 66 gols, mas foi no Napoli que se consagrou como ídolo. Em 2006, foi homenageado nos 80 anos do clube com uma Bola de Ouro simbólica, com a inscrição:
“Clérice Gringo, o maior número 11 da história do Napoli”.
Uma história pouco contada no Brasil
Apesar do sucesso internacional, Clérice permaneceu praticamente desconhecido do grande público brasileiro. Foi justamente essa lacuna que motivou Rodrigo Viana a escrever sua biografia:
“Ele foi gigante e não está na história. Esse livro vem para materializar o que a mídia ignorou. A história dele aconteceu”, afirma o autor.
Após pendurar as chuteiras, Clérice se tornou técnico e empresário de jogadores, com passagens por Palmeiras, Santos, Ferroviária e participação em negociações como a ida de Evair à Atalanta, na década de 1980.
Radicado em Araraquara (SP), onde viverá o lançamento de sua biografia, Clérice representa uma peça esquecida da rica história do futebol brasileiro — agora finalmente reconhecida.